Fala-me de amor!
Entrelaça-me as mãos
Tão calejadas
Do dia a dia que acontece
E nos acompanha…
Fala-me de amor!
Que parte das tuas mãos
Queres para mim?
Abro-te o dia das minhas
Exalando o perfume
Das manhãs que te dou.
E esse verso? Esse verso
Que dobra a vida em romance?
Tu o conheces de cor. Eu também.
Fala-me de amor!
Do peito esventrado
De entranhas gastas,
E de todas as grutas
Escuras que revelam
A tua claridade.
Fala-me de amor!
O som perene que busca
As alturas num sem perfeito,
Mas pungente
Para atravessar montanhas
E percorrer sendas
Que à partida esmoreceriam
Na alameda da inutilidade.
Fala-me de amor!
Das palavras lançadas
Como selo das vontades.
Na verdade nós quisemos,
Desejávamos. Como desejávamos!
Fala-me de amor!
Dos jogos que me fizeste
Entrar, lendo baixinho
As entrelinhas do silêncio
E a efervescência pueril
Da rua por nós murada.
Fala-me de amor!
Da palavra que não guarda
Apenas passado, nem se
Esbateu com a tempestade
De todas as primaveras criadas.
Sei que é outono, a lareira
Acesa ainda liberta faúlhas
Para os longos invernos
Que se adivinham.
Fala-me de amor!
Nós amámos a primavera
E o louco verão do prazer.
Não podemos ganhar
Vales tenebrosos,
Nem dobrar as esquinas
Da insalubre veneração.
Fala-me de amor!
Dos teus lábios serenos,
Pulsar férreo e duradouro
Em que me deito e sonho.
Sonhamos…
Fala… fala-me de amor,
E embala-me em teus ramos
Fala-me de amor!
Fala-me de amor!
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