quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O meu povo

Não sei o que vou transpor.

Talvez o rio. O grande rio
Cujo caudal arrasta uma
Energia avassaladora,
Corrente de vida, atalho
No lamacento tardoz.
Admiramos este rio imenso,
Produto de pequeníssimas gotículas.
O anónimo fio de água vertido
De um penhasco. Uma fonte guarnecida
Entre fráguas. Um ribeiro que cresce
Resoluto no ponto mais baixo
Entre montados. Todas estas
Singelas redes engrossam a plenitude
Da massa de água e ocultam
As partículas da sua composição,
Senão não era um rio,
Era um fragmento laboratorial.

O grande povo, que é minha
Gente, sulcado pelo Atlântico,
O mediterrâneo e as costas doutro
Povo irmão. Este meu povo tem uma
Energia avassaladora, mesmo
Nas maiores adversidades.
Admiro-o. A história acumula
Respeito e grandeza.
Mas o povo é a confluência
De gente anónima, com seus projectos,
Que arrastam outras pessoas
E outros projectos. Todos estes
Projectos fazem meu povo,
Como o fizeram outrora
Quando revelaram o Brasil,
A Índia por mar, a costa africana,
E a ligação definitiva entre
Todos os continentes. Meu povo
Não é passado, perdeu o medo
E fez abril, e mostrou que as flores
Também fazem revoluções.
A revoluções o meu povo
É atreito, quantos exércitos
Temerosos não pereceram
Perante tamanha determinação?

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