sábado, 25 de janeiro de 2014

Manon

Manon, que sendas
Hei-de tomar para entrar
Na tua realeza?
Serei tão ignóbil para o teu reino
Me negar a tua comunhão?

Manon, ouviu a minha súplica
E enviou  a mensagem:
 
Cria estômagos vorazes no lugar de cabeças
E expande-os até aos pés,
Abre-lhes grandes bocas
Onde caibam todas as ambições.
Reduz os outros órgãos
Á redenção daqueles. 


Ergue grandes templos, vistosos,
Onde o meu espírito facilmente
Possa ser detectado,
Multiplica a circulação do meu corpo
Do meu amado sangue.
Todos creem em mim, lembra-te disso.
Sou o pão, sou o vinho,
O alfa e o ómega, o princípio
E o fim, e a cratera donde
Brota toda a energia celeste.
Felizes os que me abraçam
E também os que nunca perderam
A fé de me encontrar!

Vê a exuberância do meu ser,
A minha mutabilidade, a flutuabilidade,
A carne do devir. Toca a minha mão
Serena, nada receies! Acredita.
Eu sou a flor dos mercados,
A mão invisível que conduz 
Todo o meu fluido.

Vê quem não me alcança.
Que infelicidade! Que fatalidade!
O pecado dos pecados!
A falta que faz falta! 
Não vivo pela omissão!
Não me renegues porque nunca
Terás um galo para to lembrar. 

Não sofro com lamentos,
Nem comiserações e fraquezas.
O meu maior mandamento
São os resultados! Exaspero
Por resultados! Quanto maiores
Mais fluo. Estou em toda
A parte, e todos me desejam, 
Mas em verdade, em verdade
Te digo, cresce e multiplica-me.
Eu sou o verdadeiro!
O que todos esperam.
O único redentor que a humanidade deseja.


Assim falou Manon.
Em seus passos me guiarei
Até à senda da sua materialidade.

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