Não sei o que vou transpor.
Talvez o rio. O grande rio
Cujo caudal arrasta uma
Energia avassaladora,
Corrente de vida, atalho
No lamacento tardoz.
Admiramos este rio imenso,
Produto de pequeníssimas gotículas.
O anónimo fio de água vertido
De um penhasco. Uma fonte guarnecida
Entre fráguas. Um ribeiro que cresce
Resoluto no ponto mais baixo
Entre montados. Todas estas
Singelas redes engrossam a plenitude
Da massa de água e ocultam
As partículas da sua composição,
Senão não era um rio,
Era um fragmento laboratorial.
O grande povo, que é minha
Gente, sulcado pelo Atlântico,
O mediterrâneo e as costas doutro
Povo irmão. Este meu povo tem uma
Energia avassaladora, mesmo
Nas maiores adversidades.
Admiro-o. A história acumula
Respeito e grandeza.
Mas o povo é a confluência
De gente anónima, com seus projectos,
Que arrastam outras pessoas
E outros projectos. Todos estes
Projectos fazem meu povo,
Como o fizeram outrora
Quando revelaram o Brasil,
A Índia por mar, a costa africana,
E a ligação definitiva entre
Todos os continentes. Meu povo
Não é passado, perdeu o medo
E fez abril, e mostrou que as flores
Também fazem revoluções.
A revoluções o meu povo
É atreito, quantos exércitos
Temerosos não pereceram
Perante tamanha determinação?
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Existência
Provoca-me alarve
A afirmação que o Homem
Existe porque o espelho
Existe. Se o Homem
Quebrasse todos os
Espelho deixaria de existir?
Ele não destrói a natureza
Para fruir de si mesmo.
Narciso flutuava sossegadamente
Após a inusitada submersão,
Todavia, a água seguia
O seu curso dentro do
Mesmo leito apesar
De sinuoso e ingrato.
A afirmação que o Homem
Existe porque o espelho
Existe. Se o Homem
Quebrasse todos os
Espelho deixaria de existir?
Ele não destrói a natureza
Para fruir de si mesmo.
Narciso flutuava sossegadamente
Após a inusitada submersão,
Todavia, a água seguia
O seu curso dentro do
Mesmo leito apesar
De sinuoso e ingrato.
domingo, 27 de outubro de 2013
Nada
Me apetece fazer
Se não contemplar
O introito que vai dentro
De
mim.
Também
Dormir não posso.
Desperto, o sono
Eterno passa mas
Não
encontra
Guarida.
Cada
Segundo pensativo
Revela um dia acrescentado
À vida, mas só
Assinalo a dobragem
Dos 365 dias
Na parede
Branca
Do quarto.
O
Quarto é o local
Sagrado que encontro.
Nele nasci, nele concebi
E nele direi adeus
À soma
Existencial.
A existência
É um procura entre a razão
E o místico desvanecer da sombra
Em direcção a um plano concreto
Moldado a barro,
Ou quiçá, subtraído ao atelier
Cujo autor procurou
Ser
Anónimo.
Anónimo? Mas não fortuito.
No traçado original
Não havia locais remotos,
Nem segmentos de recta.
Todo o horizonte era plano
E as extremidades abraçavam-se.
No entanto, a energia cósmica
Provocou a fragmentação do núcleo
E a queda
Dos
Pólos
Me apetece fazer
Se não contemplar
O introito que vai dentro
De
mim.
Também
Dormir não posso.
Desperto, o sono
Eterno passa mas
Não
encontra
Guarida.
Cada
Segundo pensativo
Revela um dia acrescentado
À vida, mas só
Assinalo a dobragem
Dos 365 dias
Na parede
Branca
Do quarto.
O
Quarto é o local
Sagrado que encontro.
Nele nasci, nele concebi
E nele direi adeus
À soma
Existencial.
A existência
É um procura entre a razão
E o místico desvanecer da sombra
Em direcção a um plano concreto
Moldado a barro,
Ou quiçá, subtraído ao atelier
Cujo autor procurou
Ser
Anónimo.
Anónimo? Mas não fortuito.
No traçado original
Não havia locais remotos,
Nem segmentos de recta.
Todo o horizonte era plano
E as extremidades abraçavam-se.
No entanto, a energia cósmica
Provocou a fragmentação do núcleo
E a queda
Dos
Pólos
Traz o vento irado
A torpe ironia
Sobre a existência do nada?
Conjuro em espaços paralelos
Cordas interpostas
Com linhas cruzadas
Num espelho quebrado
Preso a um tecto escuro e esquartejado.
A luz talvez sinta
As palavras agitarem-se
Como corpos soltos em debandada.
Certo? Só o mar
Que devolve as gaivotas
À terra prometida
Se soltarem todos os barcos
Amarrados em mentes cerradas.
E todas juntas em mergulho
Volatilizam suas plumas
Em ilhas e os medos em vulcões.
No deserto? Lavas de areia macia
Reflecte as estrelas
Que brilham na tua mente
Mas a sua claridade
Sobrepõe-se em camadas
Tingidas de alegria
E refutadas pelas agruras,
Porque a natureza também
É temperada, temperada
Com o sal do infinito.
Perto? Não esqueçamos
A distância mitigada pela dúvida,
Num tabuleiro
Preenchido por refutações
E novas levas de suposições.
Realcemos a proximidade da espera
E a renovada viagem
Ao que sempre fomos.
Não nos esqueçamos
Da mente quadrada
E da natureza esguia.
A torpe ironia
Sobre a existência do nada?
Conjuro em espaços paralelos
Cordas interpostas
Com linhas cruzadas
Num espelho quebrado
Preso a um tecto escuro e esquartejado.
A luz talvez sinta
As palavras agitarem-se
Como corpos soltos em debandada.
Certo? Só o mar
Que devolve as gaivotas
À terra prometida
Se soltarem todos os barcos
Amarrados em mentes cerradas.
E todas juntas em mergulho
Volatilizam suas plumas
Em ilhas e os medos em vulcões.
No deserto? Lavas de areia macia
Reflecte as estrelas
Que brilham na tua mente
Mas a sua claridade
Sobrepõe-se em camadas
Tingidas de alegria
E refutadas pelas agruras,
Porque a natureza também
É temperada, temperada
Com o sal do infinito.
Perto? Não esqueçamos
A distância mitigada pela dúvida,
Num tabuleiro
Preenchido por refutações
E novas levas de suposições.
Realcemos a proximidade da espera
E a renovada viagem
Ao que sempre fomos.
Não nos esqueçamos
Da mente quadrada
E da natureza esguia.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Sobre uma montanha
De escória
O avarento sorri.
Sobre uma montanha
De escória
Quem tem olho é rei.
Sobre uma montanha
De escória
Balouça um pato bravo.
Sobre uma montanha
De escória
O político discorre argumentos.
Sobre a escória de políticos,
Avarentos, patos bravos,
Banqueiros, trapaceiros,
E todo o tipo de gente
Que se ergue sobre os ombros
Nús do cristo complacente,
Rasgue-se este verso!
Exploda a montanha!
De escória
O avarento sorri.
Sobre uma montanha
De escória
Quem tem olho é rei.
Sobre uma montanha
De escória
Balouça um pato bravo.
Sobre uma montanha
De escória
O político discorre argumentos.
Sobre a escória de políticos,
Avarentos, patos bravos,
Banqueiros, trapaceiros,
E todo o tipo de gente
Que se ergue sobre os ombros
Nús do cristo complacente,
Rasgue-se este verso!
Exploda a montanha!
Poema a duas vozes
*................................................ **
Eu calo-me ..................... Eles sofrem!
Tu calas-te .................... Eles têm fome!
Ele cala-se .................... Eles não têm voz!
Nós calamo-nos ................. Eles estão desesperados!
Vós calais-vos ................. Eles não têm tecto!
Eles calam-se................... Eles são injustiçados!
Eu calo-me ..................... Eles são espoliados!
Tu calas-te .................... Eles são rasgados!
Ele cala-se ................... Eles são esventrados!
Nós calamo-nos ................. Eles estão angustiados!
Vós calais-vos ................. Eles estão solitários!
Eles calam-se .................. Eles estão doentes!
Eu calo-me ..................... Eles são explorados!
Tu calas-te .................... Eles estão abandonados!
Ele cala-se ................... Eles sentem-se sub-humanos!
Nós calamo-nos ................. Eles estão apodrecendo!
Vós calais-vos ................ Eles estão morrendo!
Eles calam-se ................. Eles esperam a libertação!
* entoado em lengalenga
** entoado em sobreposição em tom de denúncia.
Eu calo-me ..................... Eles sofrem!
Tu calas-te .................... Eles têm fome!
Ele cala-se .................... Eles não têm voz!
Nós calamo-nos ................. Eles estão desesperados!
Vós calais-vos ................. Eles não têm tecto!
Eles calam-se................... Eles são injustiçados!
Eu calo-me ..................... Eles são espoliados!
Tu calas-te .................... Eles são rasgados!
Ele cala-se ................... Eles são esventrados!
Nós calamo-nos ................. Eles estão angustiados!
Vós calais-vos ................. Eles estão solitários!
Eles calam-se .................. Eles estão doentes!
Eu calo-me ..................... Eles são explorados!
Tu calas-te .................... Eles estão abandonados!
Ele cala-se ................... Eles sentem-se sub-humanos!
Nós calamo-nos ................. Eles estão apodrecendo!
Vós calais-vos ................ Eles estão morrendo!
Eles calam-se ................. Eles esperam a libertação!
* entoado em lengalenga
** entoado em sobreposição em tom de denúncia.
domingo, 13 de outubro de 2013
Enigma
A ambição primeira,
O santo graal de gerações,
A verdade, invectivada
Por argumentos e reformulações
Mas cuja partida é o estado
do momento zero
E a chegada é o ponto
de onde nunca se chegou
a partir pois a noite
e a neblina são espectros mudos.
Por ela levantam-se
Torres que rasgam os céus
Mas cuja amplitude
É um ponto pequenino
No caminho de um limite
Que extravasa as fronteiras
Dum horizonte constante.
Esta clarividência informe,
Ocorrida em nome da verdade,
Deforma a clara madrugada
das águas do canto da cotovia
No arresto do Homem
Ao afrontamento, à demência
Colectiva e à extorsão
Do sagrado comedimento.
Em nome dessa veemente
Verdade, criam-se novos deuses,
Espelho de fraqueza,
E superlativo de pequenez
Todavia, anunciados sem impurezas.
A grande verdade
E mãe de todas as verdades
É o poder… O maior perigo
Da humanidade.
O santo graal de gerações,
A verdade, invectivada
Por argumentos e reformulações
Mas cuja partida é o estado
do momento zero
E a chegada é o ponto
de onde nunca se chegou
a partir pois a noite
e a neblina são espectros mudos.
Por ela levantam-se
Torres que rasgam os céus
Mas cuja amplitude
É um ponto pequenino
No caminho de um limite
Que extravasa as fronteiras
Dum horizonte constante.
Esta clarividência informe,
Ocorrida em nome da verdade,
Deforma a clara madrugada
das águas do canto da cotovia
No arresto do Homem
Ao afrontamento, à demência
Colectiva e à extorsão
Do sagrado comedimento.
Em nome dessa veemente
Verdade, criam-se novos deuses,
Espelho de fraqueza,
E superlativo de pequenez
Todavia, anunciados sem impurezas.
A grande verdade
E mãe de todas as verdades
É o poder… O maior perigo
Da humanidade.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
A Àrvore da Esplanada
A frondosa árvore rústica
Talhada no largo da esplanada
Hirsuta no modo
Contemplativa no rogo
Esconde sob a capa
Rugosa que veste,
Mil gerações de loucos
Que tombaram agarrados
Ao arado e aos ferros
Rasgados obstinadamente
No ventre da mãe.
A neblina vetusta enforma-lhe
Em gravidade a comiseração
Humana. A raiz solene
Comprime o universo
E desemboca nos sete céus
Cujo primeiro é o silêncio
Etéreo e o sétimo a utopia
Que só o último grito
Permite alcançar.
O silêncio é o sopro
Do nada esventrado ao vazio,
Um passo relutante entre
Duas margens sonegadas
À batida dos argumentos
Insidiosos e aos vitupérios
Em distrate torpedeados
Por quem nega a razão
Em sua razão.
A utopia é o azul celeste
Desenhado como plataforma
Para todos os entendimentos
Para além da vontade
E da contra vontade
Que a há-de assassinar.
Desta árvore brotam jangadas
Com o lastro de ambição
Comandadas por homens
Que derivam as coordenadas
Que te induzem o movimento.
Talhada no largo da esplanada
Hirsuta no modo
Contemplativa no rogo
Esconde sob a capa
Rugosa que veste,
Mil gerações de loucos
Que tombaram agarrados
Ao arado e aos ferros
Rasgados obstinadamente
No ventre da mãe.
A neblina vetusta enforma-lhe
Em gravidade a comiseração
Humana. A raiz solene
Comprime o universo
E desemboca nos sete céus
Cujo primeiro é o silêncio
Etéreo e o sétimo a utopia
Que só o último grito
Permite alcançar.
O silêncio é o sopro
Do nada esventrado ao vazio,
Um passo relutante entre
Duas margens sonegadas
À batida dos argumentos
Insidiosos e aos vitupérios
Em distrate torpedeados
Por quem nega a razão
Em sua razão.
A utopia é o azul celeste
Desenhado como plataforma
Para todos os entendimentos
Para além da vontade
E da contra vontade
Que a há-de assassinar.
Desta árvore brotam jangadas
Com o lastro de ambição
Comandadas por homens
Que derivam as coordenadas
Que te induzem o movimento.
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