Homens de cantar triste
Enterrai as lamúrias
Que impede a volúpia
Da noite demente
Sob os lençóis
Perversos da madrugada.
Deixai o pesar
Da natureza amarga,
Das árvores de braços vazios,
Dos cadáveres apodrecidos…
A sanidade há-de regenerar.
Cuidai de dar brilho
Ao sol e às flores amarelas
Que estrelecem o céu,
Ao canto dos pássaros coloridos
Que despertam o gozo,
Ao latir do lobo fortuito
Que revela a selva,
Ao galo distante
Que anuncia a nova ordem,
Ao gato que se enrosca
Na pacatez do tempo,
Ao corajoso que arvora
Mais um dia pleno.
Partam o vidro!... o vidro escuro!
A neblina andrajosa
Que ofusca o cais.
Não transformeis a terra alegre
Num lodaçal movediço e viscoso
Onde as cores e a música
Submerjam.
Entrai no mar
Que ele se abrirá!
Ousai desafiar a chuva
Para dela duvidardes!
Lançai-vos da janela,
Planareis de prazer!
Sonhai! Sonhai…
Que a obra nasce
Das vitórias.
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