sexta-feira, 31 de maio de 2013

Na proa de um barco o mar agitado
lembra as curvas do inferno
E nessa estrada em progressiva
Regurgitação, as gaivotas atravessam
A imensidão e trazem-nos o medo
Preso em seus avatares.

Arvorado de espinhos
E suturado por suores inaturais
que vilipendiam a pele,
Arrestamos a matéria à água
Revoluta e intransigente.

Nessa imensa solidão que toca
o céu dos quatro quadrantes
A luta, as tréguas
As derrotas e as vitórias
Sequenciam-se e formam
a tragédia que as mãos quejandas
Registam e não apagam.

Atroz corrida em remoinho
Cuja descida ao abismo profundo
Inaugura as certezas
De uma luz que jamais
Há-de brilhar.

Este elixir encandeia as veias
E aprofunda intrépidos vitupérios
Arrastando-nos pelo infinito
De horizonte nulo.

A proa do barco
Vagueia e nem Neptuno
Nos há-de salvar.



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