À janela
Rasgo na guitarra
Uma tempestade sobre
As cordas.
Servem-me ao ouvido
Um compasso de acordes
Como cavalos que ensandecem
As crinas no lúpus do pôr do sol
E rompem a geada
Com os cascos agarrados
Ao trevo despidos da letargia
Soltando arrufos e ganidos.
Agradáveis pulsões...
Fonemas libertos
Pelos dedos. Palavras
Caladas que fogem dos medos
Para serem versos sem cadência.
Um vulto acerca-se
Do lugubre casario,
Com castanholas delirantes,
Baila! Baila! em desafio,
E os rápidos movimentos
Estremecem o sapateado
Da calçada... Ao longe
Um cão com cio
Roda a fogueira
Que precede a madrugada.
E a cigarra canta
Canta versos da guitarra.
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