terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Tensão

A luz percorre a distância
Do vagar das folhas lúcias
Que desprendem o outono,
Ondulantes vão pausadamente
Aconchegar-se no chão seco de adjectivos.

Sob os teus pés acrescentam o ínfimo
Às camadas enegrecidas, testemunhas do passado,
Sujeito que sabe perscrutar a distância.

A luz repete-se no términos da noite
E espera que teus passos não vagueiem
Pelas sombras que se lhe escapam.

Como silenciosa bate á tua janela!
E sem escrúpulos pede para entrares nela.

Não vás pela noite defraudada
Passear no cais sem aurora

A lua geme… o sol uiva
A natureza encrespa o pêlo ensandecido,

Treme todo o teu ardor,
O leme destila as rochas fugazes
Que rebentam as marés da enseada.
Tua alma espuma o sal fecundo
Que espalha a morte por onde se desagrega.

Não vás pela noite defraudada
Passear no cais da demora.

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