terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Rio Grande

Duas margens não se tocam
Densas correm juntas para a vida
Eterna – ora agasalhando
A água, ora acasalando-a
Com as planícies que a deseja.
Nessa densidade terna, presente,
Inerte, saudosa, irrevogável,
A tempestade não colhe rugas,
Os becos guardam memória,
Os lagos sepultam os “ses”,
E as frustrações são o húmus
Das árvores que seguram as cheias.

Não me peças fontes! Podem as águas
Quedar-se impuras e o rio secar
A planície… fala-me antes assim!
No ronronar cósmico
Que me leva a segui-te sem te tocar.

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