Deitei o cigarro
No cinzeiro vazio
E esperei pelo tempo,
O tempo
Que o consumia…
Lembrei-me de M.
Adormecida nua
Sob a minha contemplação.
Pensei na luz
Reflectida sobre o seu corpo inerte,
E nas sombras afagadas
Que sorviam o momento.
Um corpo esbelto, tranquilo…
Mantido pela fragilidade
Do sopro da respiração.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Levadas
O espaço está quente!
Todo o devir
Se lhe submete.
Virgens dengosas
Abrem-lhe a doçura
Da porta da eternidade,
E rebentam a veia
Do continuo sopro
Do ser.
Nascerão invernos
Cavernosos, primaveras
Diletantes…
As mágoas serão
Levadas de rio,
E os juncos cueiros
Que os outros tempos
Lavraram…
Todo o devir
Se lhe submete.
Virgens dengosas
Abrem-lhe a doçura
Da porta da eternidade,
E rebentam a veia
Do continuo sopro
Do ser.
Nascerão invernos
Cavernosos, primaveras
Diletantes…
As mágoas serão
Levadas de rio,
E os juncos cueiros
Que os outros tempos
Lavraram…
Cores de papel
Sonhei
Com cores em catadupa.
Branco
Vermelho
Azul
Preto
(…)
Deliravam embevecidas
E clamavam qual a mais bela?
Argumento de brilho!
Argumento de intensidade!
Meticulosa vibração,
Frieza, adulação…
Nesse debate
Descuidaram-se
Tombaram todas num balde.
Nasceu um novo
Ser, vazio de racionalidade,
Carregado de palavras,
Tons, propulsões,
Gritos, histerias…
Até o camião do lixo chegar!
Com cores em catadupa.
Branco
Vermelho
Azul
Preto
(…)
Deliravam embevecidas
E clamavam qual a mais bela?
Argumento de brilho!
Argumento de intensidade!
Meticulosa vibração,
Frieza, adulação…
Nesse debate
Descuidaram-se
Tombaram todas num balde.
Nasceu um novo
Ser, vazio de racionalidade,
Carregado de palavras,
Tons, propulsões,
Gritos, histerias…
Até o camião do lixo chegar!
Bréu encravado
No breu
Flui a relva pedestre.
Camaras de arestas
Insuflam o viscoso traste
Que agoira o nascer
Do dia.
Bate as asas meretrizes
Em sónicas pulsões
Cujos relevos
Adormecem a cândida
Aurora.
Refulge repuxos
De águas cálidas
Cujo alcance demora
A preencher o chão
Plano e incauto.
Na esteira
Estende-se o manifesto:
Há dias assim!
Flui a relva pedestre.
Camaras de arestas
Insuflam o viscoso traste
Que agoira o nascer
Do dia.
Bate as asas meretrizes
Em sónicas pulsões
Cujos relevos
Adormecem a cândida
Aurora.
Refulge repuxos
De águas cálidas
Cujo alcance demora
A preencher o chão
Plano e incauto.
Na esteira
Estende-se o manifesto:
Há dias assim!
domingo, 25 de janeiro de 2015
Poema Luz
Sento-me sobre este P.
É anónimo… não reclama!
Sinto a face fria
E a humidade a retocar-me
A pele.
Um melro poisa
Num medronheiro…
Ao lado de P.
Contempla-me incógnito.
Hesita! Receoso…
Mexo os braços
Como uma dança
Sorvedora de vento.
O M. estranha mas avança.
Nos dedos crescem-me folhas,
Flores e frutos vermelhos.
M. perde o medo
E nidifica os meus olhos.
É anónimo… não reclama!
Sinto a face fria
E a humidade a retocar-me
A pele.
Um melro poisa
Num medronheiro…
Ao lado de P.
Contempla-me incógnito.
Hesita! Receoso…
Mexo os braços
Como uma dança
Sorvedora de vento.
O M. estranha mas avança.
Nos dedos crescem-me folhas,
Flores e frutos vermelhos.
M. perde o medo
E nidifica os meus olhos.
Amoras leitosas
A árvore dourada
De partículas mansas
Surge boreal
Nas mãos invisuais
Do mágico…
As amoras leitosas
Encrustam-lhe a pele enjeitada.
Deambula sendas
Em suavizadas montanhas
Cujos contornos
Dilatam-nos
Na profusão do sensível.
Oiçamos o mágico!
Mensagens truncadas,
Trovões, brechas,
Aluviões, loucos…
Essência? Frugalidade?
O azul tinge a face
Da virgem.
De partículas mansas
Surge boreal
Nas mãos invisuais
Do mágico…
As amoras leitosas
Encrustam-lhe a pele enjeitada.
Deambula sendas
Em suavizadas montanhas
Cujos contornos
Dilatam-nos
Na profusão do sensível.
Oiçamos o mágico!
Mensagens truncadas,
Trovões, brechas,
Aluviões, loucos…
Essência? Frugalidade?
O azul tinge a face
Da virgem.
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