Eu não amo! Não amo, não!
O amor consumiu toda a verdade
Que acumulei! Deu em nada!
Reconforto-me com a descoberta
Deste ponto esguio, como se
Uma estrada tomasse caminho
Ante o meu espectro, meu guia.
Gozo estes passos que me levam,
Levam apenas! E este apenas
É leve. Não invoco o vento,
Nem o lamento do mar, nem
A voz lânguida de Diana.
Cada passo é um caminho,
Que deixo. E deixo pegadas cheias
De fragmentos que fui. Há quem
Ouse recolhê-los. Chamem-lhe
Simbiose ou asqueroso,
É vosso o pensamento.
Não olho para trás.
Sodoma e Gomorra ficam
Nas colinas do passado,
Mas ainda me cheira a carne
Fresca debastada pelas chamas.
Recuso a saudade! O lamento!
Excrescência do passado,
Bacilo, verme e temor!,
Que arresta o cosmos
Ao que deixou de ser,
E porque não o é,
Não é legítimo que o deseje.
A saudade é mortal!
Avanço! A vereda que persigo
É larga, a noite escura, ainda bem!,
Só na escuridão consigo detectar luz,
Ou lampejos da sua existência.
Gotejando, mostra-se além,
Adjacente a todo o fluido.
Quem mergulha na escuridão,
Os dias fingem ser todos iguais
Mas na sua ausência, nem se notam.
Luz e trevas são substância
Da mesma factualidade.
Prefiro o lusco-fusco do luar,
À insolência dos polos.
Todas as rotas preludiam
O esforço em alcança-las
E alcançar é renovar
A importância da sua situação.
Não amo! As trovas que passam
São provas que hão-de voltar
Não por que as procure,
Esse não é o meu desafio,
Mas porque os presságios
Não me tornam uma ilha.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
In jacto
As lambretas passam bocejantes
Sobre a aurora nobre dos amantes
Cingidas pelo veludo afortunado das gretas.
Buços quietos, e firmes letras
Atravessam o ermo em diletantes
Arestas.
Carregam merendas
E outras prendas.
Perdem-se entre as ervas toscas
Do tenso argonauta
Verme de roscas.
O macilento odor
Espraia-se num azul
Recorrente do fugaz ardor.
Suez escape! Dislate lasso!
Perdem o pêndelo d´aço
No campo de amoras.
A estas horas?
Sobre a aurora nobre dos amantes
Cingidas pelo veludo afortunado das gretas.
Buços quietos, e firmes letras
Atravessam o ermo em diletantes
Arestas.
Carregam merendas
E outras prendas.
Perdem-se entre as ervas toscas
Do tenso argonauta
Verme de roscas.
O macilento odor
Espraia-se num azul
Recorrente do fugaz ardor.
Suez escape! Dislate lasso!
Perdem o pêndelo d´aço
No campo de amoras.
A estas horas?
domingo, 10 de novembro de 2013
É quase noite!
É quase noite, a noite é quase
O bastante para tolher a dimensão.
Chegas enrolada em pavor,
Com os olhos caiados no chão
De lamento. Rumina
Dentro de ti esse moinho
Da rugida mó, despida
De desejo e afecto, trucidada
Pelos subterfúgios que inventas,
A cujas escadas não sobes.
Torces toda a luz apagada
E depositas a inábil
Comiseração no estendal
Sobreposto a toda a lucidez.
É quase noite!
O prosac diluído na água
Afastou os últimos pássaros
Que assomavam à vidraça.
Lembras-te como volteavam?
Os pássaros transmutaram-se
Em gafanhotos, mas para ti,
No fusco quebranto
Ouvias o torpor dos bisontes
Rumando às ervas tenras
Abrigadas nos íngremes
Desfiladeiros.
É quase noite!
Desististe de puxar as rédeas
Que largam os gestos passados
Pela natureza, e o aluvião, que
Encontraste, desespera os corvos,
Do outro lado da vida, agonizados
Como folhas secas. É vê-los
No silêncio incógnito.
É quase noite!
A tua vida é ainda madrugada.
Fútil, achas, inútil, acrescentas.
E as esferas correm nas entranhas
Da terra. Os dias preenchem
Longas marchas. O retorno
Inventou a lança. A constante
Fixa-te no fio que admiras
Na parede.
É quase noite!
As trevas descem vagarosamente
Sobre o teu canto, o teu peito
Mergulhou na sombra.
É quase noite!
O bastante para tolher a dimensão.
Chegas enrolada em pavor,
Com os olhos caiados no chão
De lamento. Rumina
Dentro de ti esse moinho
Da rugida mó, despida
De desejo e afecto, trucidada
Pelos subterfúgios que inventas,
A cujas escadas não sobes.
Torces toda a luz apagada
E depositas a inábil
Comiseração no estendal
Sobreposto a toda a lucidez.
É quase noite!
O prosac diluído na água
Afastou os últimos pássaros
Que assomavam à vidraça.
Lembras-te como volteavam?
Os pássaros transmutaram-se
Em gafanhotos, mas para ti,
No fusco quebranto
Ouvias o torpor dos bisontes
Rumando às ervas tenras
Abrigadas nos íngremes
Desfiladeiros.
É quase noite!
Desististe de puxar as rédeas
Que largam os gestos passados
Pela natureza, e o aluvião, que
Encontraste, desespera os corvos,
Do outro lado da vida, agonizados
Como folhas secas. É vê-los
No silêncio incógnito.
É quase noite!
A tua vida é ainda madrugada.
Fútil, achas, inútil, acrescentas.
E as esferas correm nas entranhas
Da terra. Os dias preenchem
Longas marchas. O retorno
Inventou a lança. A constante
Fixa-te no fio que admiras
Na parede.
É quase noite!
As trevas descem vagarosamente
Sobre o teu canto, o teu peito
Mergulhou na sombra.
É quase noite!
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O louco
Um louco eremita
Dirige-se para o mar
E assegura que traz
A humanidade às costas.
Pretende juntar continentes.
Vem estasiado! Expansivo!
Atrás dele torce
Uma exuberante multidão
Urdida na sua grandeza.
Barra o caminho
A quem o interpela.
Pára no grande vale
Ante o sol invicto.
Debruçado sobre uma serpente
Alvitra em brados
Um discurso incognoscível.
E das entranhas da terra
Ressoa em choro
Um canto de marasmo.
O anacoreta cambaleante
Retoma a direcção do mar,
E desaparece nas águas
Ante o peso dos ombros.
Dirige-se para o mar
E assegura que traz
A humanidade às costas.
Pretende juntar continentes.
Vem estasiado! Expansivo!
Atrás dele torce
Uma exuberante multidão
Urdida na sua grandeza.
Barra o caminho
A quem o interpela.
Pára no grande vale
Ante o sol invicto.
Debruçado sobre uma serpente
Alvitra em brados
Um discurso incognoscível.
E das entranhas da terra
Ressoa em choro
Um canto de marasmo.
O anacoreta cambaleante
Retoma a direcção do mar,
E desaparece nas águas
Ante o peso dos ombros.
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