quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Gare

Uma rapariga dançava
Na gare do metro…
Os phones retinham-lhe o silêncio
E os membros batiam as asas
Sopradas pela batida do compasso.
Livremente desenhavam
O pathos da polis,
E os seus espelhos retorcidos
Lhe delimitavam
Os passos sem derrubar
O equilíbrio ténue de quem
Passa pela continuidade.
Nela as cores, as linhas,
As sombras e a intervenção
Roçavam o finito movimento
De um poema em construção.

Muros Imprecisos

Sentada tomavas um raio de sol
Que se abria entre a fugaz morfologia
De um céu tosco ... carregado
E indeciso.
Teimavas no fixo horizonte
Onde a mente se movia na frugalidade
Sem deixar um rasto nem levitar.
Ao lado um outdoor branco macerado
Prendia um ponto de interrogação
Indiferente à pétala esquecida
Que dobrava a alma em ti encanecida.
Lavavas nas imensas imagens
Os olhos presentes
Apinhadas na borda da mesa.
Sorvias o tempo num trago demorado
Deixando a quietude florir,
Bela e delicada.
Por fim abriste a porta
Da noite ao abismo,
E ficaste ali e eu em ti.