sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Canção das Flores

As flores,
As flores do meu jardim.
Um canteiro dentro de mim?
Não! Fica do lado de fora
Da estrada mas quem passa
Não dá por nada.

Rosas, açucenas, Margaridas
E todos os amores imperfeitos
Com sabor a amora
E a licor de marmelada.
Mas que fica fora da estrada
E quem passa não dá por nada.

E as camélias de seios pungentes
E lustrosas pupilas?!
E as impúdicas tulipas que deliciam
Os melosos nenúfares?!
Mas que fica fora da estrada
E quem passa não dá por nada.

E o rosmaninho? As papoias?
A grande tília de braços abertos?
Albergue de sonhos
Que só ao Homem cabe.
Mas que fica fora da estrada
E quem passa não dá por nada.

As flores do meu jardim
São assim.
Volúveis com o vento.
Selvagens e fermento.
Mas que fica fora da estrada
E quem passa não dá por nada.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Eram passos que seguia,
Com certeza, a certeza
Não me traia… E seguia.

A noite violenta horas
Horas longas e demoras
E o canto das esporas.

O amor me prendia,
Com certeza, a certeza
Não me traia. Eu sabia.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Vegetal

Vegetas! Vegetas acocorado Nos carris da não razão Sujeito a pesados Passos que ardilmente Nos arrufos das certezas Fazem-te levitar Ao encontro Da tua correspondência... Abres, lato, a concisa insconciência Numa cadência de portas Cobertas por manhãs Voláteis e pré-moldadas. Descobres nelas maravilhas Como a desnuda Alice, Cândida e obtusa no ser. As sombras cobrem-te. Mais uma vez num sem fim Segues os cavalos paridos Da montanha que formam a Manada que vai à frente. Tu os segues. A manada é o teu rosto Prescrutada pela águia Cujos pés assentam nos Teus mas cuja cabeça, a tua Não sente.

Oh madrugada! Eterno jardim!... Violeta de um rio Cujas nascentes não renovam o caudal. As nuvens aproximam-se E juram-te tempestade. Não fujas! Debaixo do teu velho carvalho As velhas entrelaçam velas E bebem sangue Em tua memória... Não fujas delas Não! Não!