Menina que estás á janela
No décimo primeiro andar
Escuta a solidão por ela
Com toque de banda a passar
Desencosta o rosto à vidraça
Desata o sonho à ilusão
Vem comigo andar na praça
Vem comigo dá-me a mão.
Tu que resistes nessa torre
Com uma ameia de tristeza
Sentes mais um dia que morre
No espelho que gela a beleza
Porquê tanta espera e demora
Em meios-termos desencontrados.
A água por quem o tempo chora
Lava os teus desgostos passados.
Aqui em baixo à tua espera
Neste banco de onde te fito
Trago-te um bouquet de quimera
E um mar de amor infinito.
O vento que sopra desse mar
Fere as mágoas e marés
Levanta amarras sem voltar
Ondas contra as tuas galés.
Menina que estás á janela
No décimo primeiro andar
Escuta a solidão por ela
Sem que me deixes consolar.