terça-feira, 15 de julho de 2014

Dispositivo #1#

Deitado na cama
Recordo a transcendência
De a dão.

Envolvo-te em silêncio
Em resposta aos teus
Murmúrios, às tuas
Interjeições e abismos
E nas quatro paredes
Os únicos sinais
Que busco
São os meus medos,
As minhas metáteses
E os freios cujas rédeas
Desembocam
Na maçã que perjuras.
Ouço no meu êxtase
O silvo
Das cordas dedicadas
E como barcos
Acendemos a vela
Enferma de marés
Inconstantes
E percorremos o azul
Verdejante dos campos
De papoilas. Como é belo
O último suspiro do mar!,
A sofreguidão das ondas
Que esfregam a espuma
No casco do esquife!...
Embutidos na corrente
Apertamos
As amoras nos lábios…
E fundeamos num mundo
Novo.